Curiosa, para mim nunca foi um problema falar sobre sexo e sobre minhas fantasias — apesar de vir de uma família religiosa, numa casa onde o tema era tabu. Meu primeiro beijo foi com apenas 11 anos, e com 14 perdi a virgindade com um namoradinho do colégio. Foi com elas que aprendi um pouco mais sobre o assunto. Ficava imitando e dançando na frente do espelho usando peças bem ousadas. Assisto até hoje. Anjo Azul imortalizou a atriz Marlene Dietrich como uma cantora de cabaré culta, bela e dona do próprio nariz. Tudo que sempre quis ser! Namoramos por dois anos e resolvemos nos casar.
Eu observava as poucas nuvens que vinham no horizonte, os fios elétricos dos postes mais a frente e a brisa irônica que acariciava meu rosto. O estado de choque havia transposto. E, agora, eu estava puto. Nervoso, irritado, e, o pior, falido. Mesmo a palavra doía. Quem tinha sido o gênio do mal a me convencer dessa blasfêmia? Em qual lapso de insensatez eu passei a confiar nessa mentira? Quem me conhecia achava que eu sempre tinha gostado de jogar na Bolsa. Era a tradição que eu contava e, vendo quanto eu era viciado e vivia por aquilo, ninguém duvidava que fosse verdade.